A Banda larga móvel só crescerá nas classes C e D



"Em 4 anos haverá a saturação do setor de banda larga móvel no País, uma vez que o crescimento nas classes A e B chegará ao limite", afirma Átila Souto, diretor de Serviços e da Universalização de Telecomunicações do Ministério das Comunicações. O crescimento do mercado de banda larga móvel no País está ainda mais limitado ao preço de produtos e serviços a partir do terceiro trimestre do ano, num mercado em que a carga tributária beira os 40% sobre a receita líquida.

A curva de evolução do serviço - o que mais cresceu no País entre julho e setembro, segundo balanço divulgado ontem pela consultoria Teleco em parceria com a fabricante chinesa Huawei - já atingiu os grandes centros urbanos e precisa contar com outras demandas.

A solução, de acordo com Souto, é que o acesso seja estendido às classes C e D a fim de se retomarem as taxas de crescimento. "Há que trazer mais gente [ao acesso da banda larga], que ainda não vem por questões de renda", afirma. A elevada carga tributária do Brasil é ainda o "judas malhado" pelas operadoras, quando se fala em justificar os altos preços. Mas a infraestrutura de transmissão e o tamanho das redes é também um motivo pelo qual ainda patinam para oferecer um serviço de qualidade e com melhores preços.

Segundo Fiamma Zarife, diretora de Serviços de Valor Agregado (VAS) da Claro, "a carga tributária é o que onera o serviço, uma vez que 37 a 40% da receita líquida é de impostos". Em contrapartida, Marcelo Motta, diretor de Tecnologia e produtos Huawei, ressalta a importância do investimento em infraestrutura para o crescimento do serviço no País - maior que os da América Latina e da Europa. "A redução tributária, por si só, não será responsável pelo crescimento expressivo do serviço, porque ainda são necessários grandes investimentos em backhaul [infraestrutura responsável pela capilaridade da rede]."

Os preços do serviço no País estão entre os maiores do mundo e as operadoras não têm perspectivas concretas de que este cenário se altere nos próximos dois anos - sinal de que os investimentos feitos na implantação da tecnologia 3G no País ainda estão longe de serem amortizados.

Até setembro deste ano, 2,9% do total de celulares no País eram habilitados com a tecnologia 3G, segundo o estudo preparado pela Teleco.

Cobertura e preços

A cobertura de banda larga móvel no País experimentou o menor crescimento em todo o ano, de 9,53%. Atualmente o serviço atinge 689 cidades no País, ou 12,4% dos municípios brasileiros. Em contrapartida, 63,9% da população do País tem o serviço à disposição, o que não garante que as pessoas tenham acesso, uma vez que os modems, que representam 46,9% dos acessos ao serviços, tiveram uma pequena redução de preço no trimestre.

Segundo o relatório da Teleco, "o preço dos telefones é uma barreira à difusão da banda larga móvel, principalmente no segmento pré-pago".

De acordo com o estudo, 300 mil novos terminais foram habilitados mensalmente - 900 mil no trimestre. Mas, segundo Eduardo Tude, presidente da Teleco, este crescimento foi na verdade um ajuste da base das operadoras e não deve repetir-se no próximo trimestre. "A gente acredita que esse não significa um crescimento mensal, mas um ajuste das bases das operadoras para celulares que não eram contabilizados como 3G", afirma.

O mercado de telefonia móvel encerrou o mês de outubro com 6,1 milhões de aparelhos com tecnologia 3G, o que supera a estimativa da consultoria Teleco, de 5,9 milhões. O foco das operadoras, segundo o levantamento da Teleco, está nos aparelhos de maior valor. Estes - de R$ 1,5 mil a R$ 4 mil - tiveram uma redução de 3% a 13% no terceiro trimestre do ano. Aparelhos mais baratos pagaram a redução de preço das linhas de ponta e sofreram aumento de 64% no período de julho a setembro deste ano: R$ 424, ante R$ 259.

Banda larga popular

Para as operadoras móveis, o programa de banda larga popular idealizado pelo governo do Estado de São Paulo, anunciado em outubro último, é que ela não é viável, segundo Elisiário Dias, gerente de Marketing Convergente da TIM. Mesmo sendo um programa que isentaria do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) as empresas que fornecessem serviços de banda larga a preços acessíveis (R$ 29,90), a obrigação das operadoras incluiria também o fornecimento do modem, o que inviabiliza a participação das operadoras móveis, segundo Dias. "Pelas condições colocadas no decreto do governador [José] Serra, fica impossível a participação das operadoras móveis", afirma.

Na prática, nem as operadoras fixas ainda aderiram ao programa, que deveria ter entrado em vigor no dia 9 de novembro, como anunciado pela Telefônica.

[Fonte]



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