Conheça melhor as cidades digitais



Vários exemplos mostram que a inovação requer criatividade, boa vontade do governo, investimento e adesão da população

Na pequena Issy-les-Moulineaux, as creches públicas da cidade, os filhos conversam com os pais por webcams. Nos cartórios, certidões de casamento e nascimento são emitidas digitalmente. Existe conexão Wi-Fi gratuita em todos os espaços públicos. Mais de 70% das pessoas se conectam à internet, a maioria por meio de banda larga. Ela foi eleita pela revista Wired a cidade europeia mais moderna, batendo inclusive a capital, Paris. Os próprios habitantes chamam a região de cyber-cité (cibercidade, em francês).

Issy-les-Moulineaux certamente merece o apelido. Localizada a sudoeste de Paris, a cidade orgulha-se dos índices tecnológicos. Tudo começou com o lançamento do site oficial da cidade (www.issy.com ) em 1996, quando a rede mundial era ainda uma incógnita para os franceses.

As pesquisas apontam o orgulho dos moradores com as mudanças acontecidas de lá para cá. Cerca de 98 % dos habitantes reconhecem que as aplicações de tecnologia da informação e comunicação (TIC) mudaram radicalmente o cotidiano deles. São viciados em internet e estão acima da média francesa quando o assunto é acesso: 89 % surfam todos os dias (contra 56 % dos internautas franceses) e 67 % baixam música e filmes (a média francesa é de 39 %).

O site da prefeitura foi pioneiro, oferecendo serviços para os cidadãos. Além da conexão à web oferecida em creches e asilos, o município foi também o primeiro a celebrar um casamento ao vivo pela web em 1999.

As consequências podem ser vistas no dia a dia: as filas estão sumindo nos serviços públicos, pois boa parte das informações é obtida online e por meio de agendamento eletrônico. Até a economia da região mudou, por causa do seu perfil "internetado". A Microsoft, ao decidir abrir um escritório europeu, decidiu-se por Issy-les-Moulineaux, bem como as duas das principais operadoras de telefonia do país (France Telecom e Bouyguess).

Manter o espírito tecnológico renovado não é tarefa fácil. "Há alguns casos clássicos que recuaram em função da falta de um modelo de sustentabilidade claro, como Filadélfia e São Francisco", adverte Fabio Botelho Josgrilberg, professor da Metodista e pesquisador de cidades digitais pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Iniciativas interessantes surgem em várias partes do mundo, como o projeto de Andaluzia, na Espanha, por meio do qual todos os municípios com menos de 20 mil habitantes têm acesso à rede sem fio de alta velocidade. Na Inglaterra, há Bristol e Norwich. Podem ser citados ainda exemplos como Dundee (Escócia), Eindhoven (Holanda), Ottawa (Canadá).

Projetos verde-amarelos

No Brasil, destacam-se modelos de cidades digitais como Piraí (RJ) (leia a primeira matéria da série), Tiradentes (MG) e Sud Mennucci (SP). Esta última, com cerca de 7,7 mil habitantes pelo censo de 2007, situada na região noroeste do Estado de São Paulo, oferece aos seus moradores acesso gratuito à internet por banda larga por rede sem fio.

Por conta de ações pioneiras, desde 1996, o município vem diminuindo o índice de analfabetismo, estimulando programas de geração de renda e fazendo investimentos na formação escolar e profissionalizante da população. Atualmente, a cidade implantou um projeto de administração pública que tem como objetivo o controle e transparência das contas públicas e o compartilhamento de decisões.

Já na mineira Tiradentes, município próximo a São João Del Rei e Santa Cruz de Minas, foram instaladas em 2006 quatro antenas para o acesso a internet numa região que engloba o Centro Histórico e bairros próximos. Nesse município, a informática passou a ser ensinada nas escolas públicas. O progama-piloto "Um computador para cada aluno", oferecido pelo Ministério da Educação, permitiu professores e alunos levarem os computadores para casa, com o objetivo de incentivar aulas e pesquisas planejadas.

Apesar do sucesso do empreendimento, a solução de acesso mostrou que precisa ser ampliada, para atender à demanda crescente. As antenas não cobrem alguns dos bairros mais populosos e carentes, onde se encontram, por exemplo, duas escolas municipais.

[Fonte]



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