Icapuí no Ceará vai ser mais uma Cidade Digital



Na pequena Icapuí, as fazendas marinhas de produção de lagosta e camarão, principal atividade econômica local, vão ficar lado a lado com as antenas wireless. A cidade cearense de 20 mil habitantes, localizada a 200 quilômetros da capital, tem pronto seu projeto de digitalização. O sinal será sem fio, inicialmente. Uma rede de fibra ótica será construída posteriormente, para haver redundância e driblar possíveis problemas de topografia. Aliado à infovia, haverá centro de formação, serviços de governo eletrônico, incubadora tecnológica e estímulo ao comércio local.

À frente da coordenação do projeto, o secretário de Ciência e Tecnologia, Silvio Teixeira Barreira, conta que a iniciativa compreende duas vertentes: a iluminação da cidade com sinal de internet sem fio e um parque tecnológico. "Para high tech e low tech", conta Barreira. Para colocar o parque tecnológico em prática, estão sendo firmadas parcerias com grandes empresas e universidades, além do Ministério das Comunicações.

"Algumas parcerias já estão sinalizadas, com a Petrobras, a Vale e a Universidade Federal do Ceará (CE)", adianta o secretário. Complementando a ideia, será montado um distrito industrial setorial, para produção e venda produtos locais, com identidade cultural, principalmente na área de pesca.

Já na parte de iluminação da cidade, o divisor de águas será o Cinturão Digital, projeto de infovia do governo cearense, que está montando um anel ótico circundando todo o estado. Previsto para ser oficialmente inaugurado em março, o Cinturão Digital consumiu mais de R$ 60 milhões do governo estadual, que optou por um modelo de manutenção que incluirá a iniciativa privada e as prefeituras.

O servidor do Cinturão Digital em Icapuí ficará em um antigo centro de formação da Petrobras, cujas instalações foram passadas para a prefeitura. É também no local que vai funcionar um centro de formação em informática e uso da internet, com cursos para a população. "Serão capacitadas 14 mil pessoas em introdução à informática, fundamentalmente no uso da internet", planeja o secretário, revelando a ousada ideia de ensinar a 70% dos habitantes como usar a web. Segundo ele, serão elaboradas cartilhas específicas de acordo com faixa etária.

A prefeitura já está em conversas com o Ministério da Educação para levar para a cidade um núcleo de formação tecnológica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifet). Este núcleo complementaria as atividades de capacitação, oferecendo inclusive cursos de nível superior na área de tecnologia da informação.

Todas as unidades de administração direta e indireta da prefeitura receberão sinal de internet, incluindo secretarias, as 14 escolas e as 11 unidades de saúde. Além desses locais, somente algumas praças wireless ou telecentros terão sinal disponível. "Não vai ter internet de graça nos domicílios", sentencia o secretário de Ciência e Tecnologia. Segundo ele, nas praças wireless, onde o acesso será gratuito, serão feitos cadastros das pessoas que usarão a rede na área, através do número de série do computador utilizado.

A opção de não oferecer internet gratuita nas casas se dá para resguardar a concorrência e não gerar desemprego nas lan-houses e nas Ilhas Digitais (centros de acesso à internet fruto de parceria entre o governo do estado e o Ministério das Comunicações). "Vamos estabelecer parcerias com provedores e gestores dessas atividades, para que seja cobrada uma taxa simbólica para uso de internet", adianta Barreira. "A ideia é que tenhamos preços razoáveis e a preservação das lan-houses e das Ilhas Digitais, que estão previstas também no termo que cada município tem que assinar para ter acesso ao Cinturão Digital", conta o secretário.

Paralelamente, a cidade vai oferecer serviços de governo eletrônico de maneira diferenciada. Além de prover as opções básicas – como emissão de boletos de pagamentos de impostos, cadastros municipais, etc. - a intenção é fazer parceria com instituições para prestação de serviços mais complexos, inclusive da esfera federal. Uma ideia é se aliar ao Sistema Nacional de Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego, para viabilizar seguro-desemprego e carteira profissional. Outra intenção é fazer parceria com a Secretaria de Estado de Justiça, para viabilizar carteiras de identidade. Para integrar todos estes planos, a prefeitura está no momento buscando um software que dê conta de todas as demandas. “Se não encontrarmos, acabaremos tendo que desenvolver um para cobrir todas as necessidades”, acredita Barreira.

A sustentabilidade do projeto e manutenção de todos esses planos é uma das principais preocupações reveladas pelo secretário. “Consegue-se dinheiro para implantar, mas não se consegue para manter”, constata. Para garantir que o projeto fique vivo depois de implantado, foi criada uma cooperativa de negócios que vai canalizar boa parte das atividades desenvolvidas. Atualmente, a instituição está pleiteando título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), no Ministério da Justiça. É ela que vai viabilizar a geração de recursos e também o repasse de verbas a partir dos governos estadual e federal e também de verbas parlamentares.
[Fonte]



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