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Cidade Digital tem seus problemas

Em Piraí (RJ), web gratuita em locais públicos nem sempre funciona. Índice de acesso residencial faz Ipea considerar cidade 'desconectada'.


Após se tornar uma das primeiras cidades do Brasil a oferecer, nas escolas municipais, um computador por aluno, e de implementar acesso gratuito à internet em locais públicos, Piraí, no Rio de Janeiro, ganhou o apelido de "Cidade Digital". Mas o local ainda sofre com a escassez de acesso via banda larga, principalmente nas residências, e enfrenta problemas comuns a boa parte das cidades do interior do País.


Uma recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) coloca a cidade de 26 mil habitantes entre as nove consideradas “desconectadas” do estado do Rio de Janeiro. A razão é exatamente essa: não ter uma ampla oferta de web banda larga para usuários residenciais.

Mesmo os projetos referendados pelo poder público têm problemas. Desfrutar do Piraí Digital, que oferece acesso em quatro telecentros, oito quiosques e sete computadores espalhados por locais públicos, nem sempre é possível. O funcionamento se restringe aos dias de semana, entre 8h e 17h. Isso quando os usuários não encontram os quiosques fechados em horários em que deveriam estar abertos, ou equipamentos quebrados.



Foi o caso dos dois quiosques instalados na rodoviária da cidade, que estavam desligados no momento da visita do G1. Segundo moradores, os equipamentos estavam “com defeito” há mais de uma semana, gerando muita reclamação de quem passava pelo local e gostaria de acessar a internet. “Sempre que passo aqui está quebrado. É muito triste”, lamentou o morador Tiago Alexandrino Ribeiro.
Piraí DigitalTurista usa internet wireless de graça na 'Praça da
Preguiça', no centro de Piraí. (Foto: Mylène Neno/G1)

Segundo a Secretaria de Planejamento do município, são gastos mensalmente R$ 75 mil para manutenção dos equipamentos dos quiosques e telecentros. “No início, o projeto Piraí Digital foi desenvolvido com a ideia de que fosse disponibilizada internet para toda a população nas residências”, explica o prefeito de Piraí, Arthur Henrique Gonçalves Ferreira.

“Buscamos via Anatel a licença para comercializar a internet a um custo baixo para que pudesse dar sustentabilidade ao projeto, mas a regulamentação não permite. E oferecer gratuitamente torna-se inviável para o município”, afirma.

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), através do ato 66.198, de 27/07/2007, “fica dispensado às prefeituras a outorga de uso de radiofrequência para prestar Serviço de Comunicação Multimídia (banda larga à população), necessitando apenas de uma licença de SCM”.

Ainda segundo a agência reguladora, “a vedação para as prefeituras prestarem banda larga comercialmente está na Lei Geral de Telecomunicações (feita antes mesmo da criação da Anatel), que faculta a exploração de serviços de telecomunicações às empresas”.

Com isso, as prefeituras não podem oferecer banda larga comercialmente, de forma direta, sendo preciso criar uma empresa específica para tal – como no caso, em maior escala, do governo federal, que reativou a Telebrás para gerir o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

Assim, o projeto teve de ser alterado. “Mudamos e nossa estratégia passou a ser disponibilizar internet para a população através de quiosques, telecentros, hotspots”, conta o secretário de Planejamento, Fábio Marcelo de Souza e Silva. “Os hotspots ficam limitados aos locais públicos, como bibliotecas, praças, ligados na nossa rede. Trabalhamos com limitação de banda para poder servir todo mundo”, completa.
Piraí DigitalTiago Alexandrino reclamou ao G1 dos quiosques
quebrados na rodoviária de Piraí.
(Foto: Mylène Neno/G1)

Ainda de acordo com Souza e Silva, a limitação é necessária para garantir a qualidade do serviço. “Embora nós tenhamos estrutura para liberar o sinal para toda residência do município, decidimos limitar ao máximo esse raio nas áreas de cobertura próximas a logradouros públicos para não comprometer o projeto”, afirma.

Para o secretário, o número de usuários com internet residencial é ainda menor do que os 20% estimados pelo prefeito. Segundo ele, Piraí conta com dois provedores que somam cerca de 800 clientes. Isso significa cerca de 3% do total de pouco mais de 26 mil habitantes do município, localizado a 89 km do Rio de Janeiro..

Já o Ipea afirma que o número de usuários residenciais de banda larga no município fluminense não passa de 0,5% da população – taxa que inclui Piraí na lista dos “desconectados” do interior do Rio.

Internet em casa
Charles Abreu, de 25 anos, não tem internet em casa. Mas tem a facilidade de acesso à web no trabalho. Ele é atendente da única lan house privada de Piraí, que funciona de segunda a sábado, das 9h às 22h, e cobra R$ 1 por hora. Segundo Charles, o público jovem é maioria no local - a maioria em busca de jogos, proibidos nos telecentros e quiosques públicos.

"Os jogos estão na moda, né? Os adolescentes adoram. Então eles passam muitas horas aqui", contou ao G1, ressaltando que todos os menores que frequentam o local são cadastrados e autorizados por pais ou responsáveis.

"Acho que falta muito ainda para [Piraí] se tornar uma cidade digital. Falta ampliar mais o acesso das pessoas, do público em geral mesmo. Porque só as lan houses não suportam o público. Tem que liberar esse acesso também para facilitar o acesso de computadores, para que as pessoas possam comprar computadores e ter nas suas residências. [Isso] vai facilitar a vida de todo mundo", avaliou Charles, que estima receber entre 50 e 100 pessoas diariamente na lan house.
Piraí estará entre as primeiras cidades a receber o Plano Nacional de Banda Larga"
Fábio de Souza e Silva, secretário de Planejamento

A solução para a ampliação deste serviço pode estar no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), do governo federal. Piraí será uma das 100 primeiras cidades contempladas pelo projeto que pretende fornecer internet rápida à população por mensalidades que variam entre R$ 15 e R$ 35. O município será um dos três beneficiados no estado, além de Rio das Flores e Rio de Janeiro.

Enquanto isso, os piraienses conseguem ter acesso à web nos pontos públicos da cidade – que são abastecidos por 10 hotspots. Com link de 6 Mbps distribuído por 110 prédios públicos, a cidade já atingiu seu limite de banda. Tanto que a Secretaria de Planejamento já estuda a ampliação para 20 Mbps ainda neste primeiro semestre.

Internet paga é lenta e cara
Para quem está disposto a pagar por acesso residencial, a velocidade de conexão “banda larga” ofertada na cidade fica entre 100 Kbps e 600 Kbps, com mensalidades a partir de R$ 60. Por cerca de R$ 10 a mais, um morador da capital do Rio de Janeiro, por exemplo, consegue assinar um plano de banda larga com conexão de 1 Mpbs, quase o dobro da conexão mais rápida disponível em Piraí.

As distorções ainda são grandes, o valor é alto e geralmente a qualidade e velocidade do serviço oferecido nem sempre equivalem ao que foi contratado junto aos provedores. “Tinha internet de 128 Kbps, mas em dias bons chegava a mais ou menos 80 Kbps. Troquei para uma velocidade de 300 Kbps, que é um pouquinho melhor, mas pago R$ 85”, disse o morador Fernando da Silva. Por um pouco menos do que o valor pago por ele, um cliente contrata um serviço com velocidade de conexão de 2 Mbps na capital.
Eu acho que poderia ser melhor o acesso, mas aqui ainda não tem um provedor que ofereça uma internet melhor para a cidade. E não tenho para onde correr"
Tiago Ribeiro, universitário

O estudante de Química Tiago Alexandrino Ribeiro é outro morador que nem pensa em ficar desconectado dentro de casa. “Já usei muito os telecentros e quiosques. Mas em casa eu tenho internet via rádio. Pago em torno de R$ 50 por uma conexão de cerca de 150 Kbps”, contou o jovem, que é usuário do Twitter e participa da comunidade dedicada a Piraí no Orkut.

"Eu acho que poderia ser melhor o acesso, mas aqui ainda não tem um provedor que ofereça uma internet melhor para a cidade. Por enquanto, é só esse mesmo. E não tenho para onde correr", reclamou Tiago.

Para muitos, a velocidade é ainda mais lenta. É o caso do estudante de Letras Luiz Carlos de Oliveira, 21. “Em casa eu tenho internet discada, mas é bem ruinzinha”, lamentou.

'Um Computador por Aluno'
Os estudantes da rede municipal de ensino de Piraí fazem parte do projeto “Um Computador por Aluno” (UCA). Pioneira entre as cidades do interior – já que é a única não capital a ser incluída no piloto, juntamente com São Paulo, Porto Alegre, Palmas e Distrito Federal, Piraí ainda está iniciando o processo.

No UCA, como o nome já revela, cada estudante tem o seu próprio laptop – que é utilizado em sala de aula, como ferramenta de auxílio no projeto pedagógico. Ao todo são 6.200 laptops especialmente adaptados e abastecidos com ferramentas educacionais. Além disso, cada um dos 500 professores da rede municipal de ensino também conta com seu próprio computador.
No início, eu fiquei muito insegura. Mas as próprias crianças queriam usar e eu fui me adaptando"
Simone Guimarães, professora

"Foi ótimo [receber o laptop], porque facilita bastante nosso trabalho, pela praticidade. É mais uma ferramenta que veio contribuir muito para o nosso ensino em Piraí", disse Milene Vieira de Carvalho, professora do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino, acrescentando que todos os professores tiveram treinamento antes da chegada dos computadores.

Para a professora, o UCA transformou por completo a rotina de educadores e estudantes. "Houve uma mudança muito acentuada no próprio comportamento dos alunos. Eles estão mais atentos, mais concentrados, mais interessados. Tudo o que é novo gera curiosidade. E percebemos que muda até mesmo a maneira do aluno se expressar. É uma mudança global, radical", contou ao G1.

Antes, porém, alguns educadores estranharam a novidade. "No início, eu fiquei muito insegura. Até porque era novo o recurso. Mas as próprias crianças queriam usar e eu fui me adaptando", disse a professora Simone Guimarães. "E você vê que eles já têm intimidade com a máquina".

"Facilitou muito. Antes a gente olhava nos livros, e agora usa internet para poder pesquisar", disse Alessandro Novaes da Silva, de 11 anos, aluno do 8º ano da Escola Municipalizada Lúcio de Mendonça, no Centro de Piraí.

O G1 visitou a cidade de Piraí e conferiu a fase inicial do projeto UCA. No momento, ainda faltam armários adequados para armazenar e carregar os laptops, por exemplo. Com uma hora de carregamento, os laptops podem ser usados por duas horas, o período exato de uma aula.

Por enquanto, apenas os educadores podem levar os equipamentos para casa ao fim do trabalho. Os alunos, ao final de cada dia de aula, têm que devolver os computadores, que ficam guardados na própria escola.

Mas mesmo assim, muitos professores e estudantes ainda não têm acesso à web em casa. Algumas famílias, nem mesmo têm computador.
Ô, mãe, a escola deu, mas eu quero o meu!"
Thaiza Alves Valle, estudante

"Não tenho computador em casa, só pela escola mesmo. Quando preciso fora daqui, uso os quiosques e os telecentros", contou Thaiza Alves Valle, 13, colega de turma de Alessandro.

Thaisa foi selecionada - junto com alguns colegas de turma - para um curso de extensão de informática, promovido na cidade pelo Cederj em parceria com a companhia de tecnologia Cisco, no qual aprende a montar e fazer manutenção de PCs, além de receber treinamento para ser monitora de novos alunos no futuro. "Adoro informática", disse a menina, que através do UCA teve a oportunidade de descobrir seu talento.

Mas ao pensar em sua saída da escola, quando chegar ao Ensino Médio, a menina tem uma preocupação: o computador, ou melhor, a falta dele. "Quando eu sair, eu já venho falando: 'ô, mãe, a escola deu, mas eu quero o meu'. Eu pretendo eu mesma ter mais para frente porque a escola está dando uma oportunidade para nós aprendermos a tecnologia. Porque eu confesso, antes eu não sabia mexer".


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Piraí e um exemplo de cidade digital

Piraí é exemplo da importância que o acesso à internet em banda larga tem para o desenvolvimento socioeconômico dos municípios e do país. A comparação, que nos enche, os piraienses, de orgulho, foi feita pelo Secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e futuro presidente da Telebrás, Rogério Santanna, em entrevista exclusiva ao portal G1, do Sistema Globo, ao falar do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

Confesso que a citação soa como música aos meus ouvidos e como mais uma confirmação de que Piraí fez a escolha certa ao decidir investir, 10 anos atrás, no Projeto Piraí Digital, do qual fui Coordenador-geral. O resultado está aí: Piraí é a única cidade no Brasil com o título Top Seven Intelligent Communities (As 7 cidades mais inteligentes do mundo), é a primeira a distribuir notebooks a cada aluno e professor da rede municipal de ensino, recebeu chancela da Unesco como exemplo de democratização ao acesso á informação e tem sido modelo de implantação de cidades digitais, no estado do rio e no Brasil. Tudo graças ao sucesso do Projeto Piraí Digital.

Na entrevista ao G1, Rogério Santanna citou dados do IBGE mostrando que dos 5.564 municípios do Brasil apenas 122, ou 9%, são cidades digitais e que a expectativa do Governo Federal é de que pelo menos 500 novas cidades digitais sejam criadas até 2014 e que as já existentes sejam potencializadas.

“As cidades digitais são formadas pela integração de serviços públicos e a disponibilização de acesso de internet de banda larga à população. Um exemplo bem-sucedido é a cidade de Piraí, no Rio de Janeiro, que teve melhora de seus índices socioeconômicos desde que passou a fornecer acesso gratuito aos moradores e a integrar os serviços públicos municipais por uma rede sem fio”.

Santanna lembra que as cidades digitais são um projeto lucrativo e que só a economia com despesa de telefone o município paga o custo da implantação da banda larga. O plano do governo, frisa a reportagem do G!, é levar internet de banda larga a 40 milhões de domicílios até 2014. Atualmente, são atendidos apenas 11,9 milhões de domicílios



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Cidade Digital atraiu empresas e impulsiona economia das cidades

Diferentemente das dificuldades enfrentadas pelo município no final dos anos 90 com uma crise econômica e social, a cidade de Piraí (RJ) tem atualmente a maior parte das riquezas geradas pelas indústrias. Elas são responsáveis por 64% Produto Interno Bruto (PIB) do município ou R$ 415,9 milhões. Ao priorizar as áreas de tecnologia da informação e de comunicação, a cidade do sul fluminense conseguiu reverter o quadro a atrair diversas empresas para a região.

"Nosso município passou por um momento grande de estagnação econômica, mesmo estando às margens da [Rodovia] Dutra, faltavam políticas para atração de empresas", explica o coordenador-geral do Piraí Digital, Gustavo Tutuca. "Tínhamos muita dificuldade de comunicação na cidade. Para você ter uma ideia, a prefeitura tinha duas linhas de telefone. Se a prefeitura tinha duas linhas, imagina o resto da população", ressalta o então prefeito da cidade, em 1997, Luiz Fernando Pezão, atual vice-governador do estado do Rio de Janeiro.

O setor de serviços, onde está concentrada a maioria dos empregos, vem em seguida na contribuição para o PIB, com R$ 230,1 milhões (35%). Na agropecuária, se produz R$ 5,8 milhões (1% do PIB). Os dados, de 2007, são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O PIB per capta da cidade era, em 2007, de R$ 30.888, o décimo maior do estado do Rio de Janeiro. Dez anos antes, no entanto, em 1997, a cidade estava em uma situação econômica bastante diferente. A pequena população da cidade, cerca de 22 mil habitantes, era um empecilho para a ampliação da comunicação no município. O baixo número de consumidores afastava as empresas de telecomunicações de instalarem serviços como internet banda larga na localidade.

As poucas empresas instaladas no município, no final dos anos 90, passaram a demitir. Com a privatização da empresa energética Light, mais de mil postos foram cortados na cidade. A Companhia de Papel, instalada no município, também reduziu seu quadro em quase mil empregados. Em uma população de cerca de 20 mil habitantes, o impacto foi grande.

"Para voltar a atrair empresas, a gente esbarrou nessa questão da comunicação. E, com o projeto digital, demos um grande salto. Hoje, já não é mais um empecilho", diz Tutuca. A ideia do prefeito era criar sua própria rede de internet. Cobrar das empresas um preço pelo acesso, menor que os cobrados pelas teles, e, com os recursos obtidos, bancar o acesso à rede a toda a população da cidade.

"Só que eu não consegui legalizar essa rede. Fomos desenvolvendo aos trancos e barrancos e no final, a Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] não deu licença para comercializarmos essa rede", explicou. "Chegaram a propor que eu leiloasse o que já tínhamos construído da rede", completou.

A autorização da agência veio logo em seguida, mas com a exigência de que a prefeitura fornecesse a banda larga sem cobrar nada pelo serviço. A solução então foi a cidade arcar com todos os custos da instalação e da manutenção do acesso a internet. O preço total para a criação de toda a infraestrutura da rede foi de R$ 3 milhões, com uma manutenção mensal de R$ 75 mil.

Sem condições financeiras de bancar o acesso gratuito a toda a cidade, a prefeitura criou diversos telecentros em boa parte do município, onde o uso de computadores e internet são gratuitos. Em todas as escolas, foram instalados pontos de acessos para os alunos. Ao redor dos telecentros é possível se conectar via wifi (internet sem fio) gratuitamente.

Hoje o município é praticamente todo coberto pela rede wifi construída pela prefeitura. Várias empresas instalaram-se em Piraí: a cervejaria Cintra, a indústria de componentes de computadores IMBP, e a fábrica de fraldas e absorventes Aloés Aloés.

Atualmente, Piraí registra o oitavo melhor desempenho entre os 92 municípios do Rio nas áreas de saúde, educação, e emprego e renda, de acordo com pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), divulgada em 2009.

PARA ESTUDANTES, COMPUTADOR E INTERNET SÃO TÃO COMUNS QUANTO CADERNO E LIVRO

O convívio dos estudantes da cidade de Piraí, no sul fluminense, com laptops conectados à internet tornou o mundo digital corriqueiro para as crianças. No vocabulário dos alunos, palavras que antes eram desconhecidas, como web e download, passaram a ser usuais. A relação dos estudantes com o ensino também mudou profundamente. Em períodos sem aula, muitos começaram a sentir falta da escola.

"Nessas férias teve o carnaval. Eu pulei carnaval, mas fiquei em casa sem graça porque eu queria vir para a escola. Quando começaram as aulas eu fiquei feliz", conta a estudante Ana Alice, de 11 anos, que estuda na Escola Rosa da Conceição Guedes.

Alice não tinha computador e muito menos internet em casa. Há cerca de dois anos, na 3ª série, ela começou a usar os equipamentos digitais na escola. Hoje, desinibida, aprova as mudanças e mostra, com muita agilidade, como usar o laptop estudantil, com o sistema operacional Linux (de código aberto).

Ela destaca que as suas notas melhoraram e que o computador facilitou muito as pesquisas necessárias para os trabalhos. Ana Alice conta, no entanto, que os jogos e as redes sociais na internet são suas atividades prediletas.

"Quando eu entro na internet, gosto de jogo de matemática. Eu gosto de mexer no Orkut também, mas às vezes não pode, daí eu não mexo, com medo de o professor brigar", diz.

Percebendo as preferências dos alunos, os professores começaram a mudar também a maneira de ensinar. "Uma professora de inglês, por exemplo, fez com que os alunos enviassem as respostas daquilo que ela estava trabalhando em sala para o Orkut dela", relata a diretora da escola, Lea Maria Peixoto.

A professora de educação física Alexandra Fernandes Faria vê nos computadores com acesso à web a possibilidade de deixar de fazer, na maioria das vezes, apenas atividades esportivas com as crianças. Agora, a teoria pode ser explorada também.

"As coisas só melhoraram com os computadores. A gente não tinha livros da disciplina. É muito difícil uma escola que tem conteúdo de educação física nos livros. No nosso caso, são livros de regras, enciclopédias mais caras, que falam sobre nutrição, sobre a importância da atividade física, que a gente não tem, e nunca teve. Agora eu passo o site, e eles acessam", explica.

Rodrigo Pinto da Silva, 13 anos, é um dos alunos monitores da escola. Além de usuário da rede, ele ensina os mais novos a lidar com as novidades digitais. Sabe até quais são as dúvidas mais comuns em cada uma das séries. Os mais novos têm mais dificuldades com os programas de edição, os mais velhos, com a internet.

Ele aprova totalmente a nova realidade na escola. A experiência com os computadores já faz o aluno vislumbrar uma profissão no ramo. "Eu pretendo fazer programação, ou ser engenheiro. Já tento procurar [informações] sobre essas profissões na internet, tento desenvolver demonstrações, até para colocar na rede", diz.

De acordo com a prefeitura, até o final do mês de março, todos os alunos da rede pública da cidade terão um laptop com conexão à internet.

LAPTOPS PARA TODOS OS ALUNOS

A primeira cidade a distribuir internet banda larga gratuita aos moradores, a pequena Piraí, no sul fluminense, terá, até o final do mês de março, todos os 6,2 mil alunos da rede pública equipados com computadores portáteis. Segundo a prefeitura, será uma das únicas cidades brasileiras onde cada aluno terá um laptop.

A distribuição gratuita dos computadores portáteis – com conexão à rede mundial de computadores – aos estudantes amplia o programa de inclusão digital da cidade, que já disponibilizava internet grátis em todas as escolas e em todos os prédios públicos. A rede cobre uma área de 520 quilômetros quadrados, praticamente todo o município, que tem cerca de 22 mil habitantes.

A decisão de investir em inclusão digital já começou a mostrar os resultados. A escola pública Professora Rosa Conceição Guedes, onde os alunos já dispõem de laptops com internet há quase três anos, subiu no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação (MEC). Saiu da nota 2,6 para 4,2 na última avaliação (2007). O resultado era previsto para 2015.

Além dos efeitos positivos na educação, o município inicia agora o uso do sistema digital na área da saúde. Todos os agendamentos de consulta, marcações, resultados de exames e diagnósticos, por exemplo, são incluídos num banco de dados centralizado que pode ser aberto pelos médicos de qualquer localidade. Os problemas mais graves são debatidos pelos médicos locais com professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em teleconferências via internet.

"Isso facilita até para a pessoa não ficar pegando remédio duas vezes, para ficar pedindo exame duas vezes", explica o coordenador-geral do projeto Piraí Digital, Gustavo Tutuca.

Piraí ficou conhecida no final dos anos 90 por ser a primeira cidade do país a enfrentar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para poder distribuir internet aos moradores. O município, localizado às margens da Rodovia Presidente Dutra, não tinha então nenhum provedor banda larga. A prefeitura obteve autorização para disponibilizar a conexão aos moradores, desde que fosse gratuita.

Sem poder cobrar pelo uso da internet, nem mesmo uma "taxa social", a prefeitura teve de
arcar com os custos e diminuir a abrangência do projeto. Agora, espera que, com o Plano Nacional de Banda Larga, os preços dos pontos de internet comprados pelo município diminuam.

"A procura por serviços aumentaram muito, a ouvidoria municipal, o serviço de impostos, a questão da utilização de e-mail, das reclamações via e-mail para a prefeitura, as solicitações via e-mail. Tudo isso tem ajudado muito na comunicação e na integração", ressalta o coordenador.



Agência Brasil
Bruno Bocchini - Enviado especial
Talita Cavalcante e Juliana Andrade - Edição

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Piraí oferece internet gratuita aos moradores

A primeira cidade a distribuir internet banda larga gratuita aos moradores, a pequena Piraí, no sul fluminense, terá, até o final do mês de março, todos os 6,2 mil alunos da rede pública equipados com computadores portáteis. Segundo a prefeitura, será uma das únicas cidades brasileiras onde cada aluno terá um laptop.

A distribuição gratuita dos computadores portáteis – com conexão à rede mundial de computadores – aos estudantes amplia o programa de inclusão digital da cidade, que já disponibilizava internet grátis em todas as escolas e em todos os prédios públicos. A rede de 520 quilômetros quadrados cobre praticamente todo o município, que tem cerca de 22 mil habitantes.

A decisão de investir em inclusão digital já começou a mostrar os resultados. A escola pública Professora Rosa Conceição Guedes, onde os alunos já dispõem de laptops com internet há quase três anos, subiu no ranking do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação. Saiu da nota 2,6 para 4,2 na última avaliação (2007). O resultado era previsto para 2015.

Além dos efeitos positivos na educação, o município inicia agora o uso do sistema digital na área da saúde. Todos os agendamentos de consulta, marcações, resultados de exames e diagnósticos, por exemplo, são incluídos num banco de dados centralizado que pode ser aberto pelos médicos de qualquer localidade. Os problemas mais graves são debatidos pelos médicos locais com professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em teleconferências via internet.

“Isso facilita até para a pessoa não ficar pegando remédio duas vezes, para ficar pedindo exame duas vezes”, explica o coordenador-geral do projeto Piraí Digital, Gustavo Tutuca.

Piraí ficou conhecida no final dos anos 90 por ser a primeira cidade do país a enfrentar a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para poder distribuir internet aos moradores. O município, localizado às margens da Rodovia Presidente Dutra, não tinha então nenhum provedor banda larga. A prefeitura obteve autorização para disponibilizar a conexão aos moradores, desde que fosse gratuita.

Sem poder cobrar pelo uso da internet, nem mesmo uma “taxa social”, a prefeitura teve de arcar com os custos e diminuir a abrangência do projeto. Agora, espera que, com o Plano Nacional de Banda Larga, os preços dos pontos de internet comprados pelo município diminuam.

“A procura por serviços aumentaram muito, a ouvidoria municipal, o serviço de impostos, a questão da utilização de e-mail, das reclamações via e-mail para a prefeitura, as solicitações via e-mail. Tudo isso tem ajudado muito na comunicação e na integração”, ressalta o coordenador.

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55 mil notebooks para escolas, promete Lula

Presidente se emociona na distribuição de computadores em Piraí e elogia vice-governador Pezão, que implantou programa digital que reduziu evasão escolar para menos de 1%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou ontem 5,5 mil laptops a alunos e professores de Piraí, pelo projeto Um Computador por Aluno do governo federal. Com atraso da comitiva presidencial, cerca de 300 crianças e professores se acomodaram no chão da praça. Para passar o tempo, começaram a experimentar os pequenos laptops que tinham acabado de receber, empolgados com jogos educativos e aplicativos. Muitos aprenderam logo a acessar a Internet, já que uma rede de banda larga sem fio gratuita cobre toda a cidade. Lula anunciou que vai instalar computadores com banda larga em 55 mil escolas no País até 2010.


A infraestrutura garantirá o acesso das crianças à Internet nas escolas, onde professores poderão usar os computadores para atividades em grupo on line. O design dos equipamentos foi pensado para ficar fácil de carregar. “Vai fazer todo mundo querer estudar mais, não faltar à aula”, elogiou Jéssica Moura, 14 anos, aluna da 8º séria de uma escola municipal. “Hoje em dia todo mundo usa a Internet na escola. E-mail, Orkut, é normal”, disse. As escolas têm mecanismos para interditar o acesso a sites com conteúdo inapropriado.

Piraí tem vários prêmios internacionais pelo programa Piraí Digital — de acesso gratuito à Internet em banda larga para instituições públicas —, iniciado por Pezão como prefeito, no fim da década de 90. Uma escola do distrito de Arrozal foi o piloto do projeto, com 400 laptops. A evasão caiu para menos de 1% e a nota da escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dobrou, atingindo 4,8 em 2007.

Ao lado do governador Sérgio Cabral, o presidente se emocionou com a distribuição dos computadores e com o projeto. “Esse evento tirou um preconceito que eu tinha do computador. Eu sempre tive medo de que o computador pudesse individualizar demais as pessoas”, explicou o presidente.

O governo do Rio investiu R$ 5,5 milhões no projeto de Piraí. Lula criticou a indústria nacional por não oferecer laptops a baixo custo e ameaçou recorrer à importação.

Por pouco, o presidente não participa do evento. Impedido de fazer o trajeto de helicóptero devido ao mau tempo, ele chegou a cancelar a viagem. Mas diante da decepção do vice-governador Luiz Fernando Pezão, Lula ignorou as recomendações de sua segurança e ordenou a formação de uma comitiva para acompanhá-lo até Piraí.

Fonte: O DIA

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Cidades com cobertura 100% wireless

Três cidades brasileiras têm cobertura 100% wireless: a amazonense Parintins, a fluminense Piraí e a paulista Sud Mennucci. Embora esteja no meio da floresta, Parintins oferece o benefício a mais de 100 000 pessoas. Piraí tem apenas 24 000 moradores. Sud Mennucci não alcança sequer 8 000 habitantes.

Em Parintins, o atual presidente da Intel, Craig Barret inaugurou pessoalmente a rede 100% Wi-Max, A tecnologia foi desenvolvida por um pool de empresas, lideradas pela Intel e pela Nokia.



Porto Alegre e Belo Horizonte oferecem acesso grátis em alguns pontos da cidade, e recentemente a Praia de Copacabana no Rio de Janeiro passou oferecer tal comodidade.



Poucas cidades no mundo podem acessar Wi-Fi de graça. Boa parte dos municípios que contam com tal facilidade cobra algum tipo de taxa.


Piraí foi citada em um artigo da NewsWeek: A Humilde Cidade Digital (THE HUMBLEST DIGITAL CITY) em 2004 implantou o sistema wireless para seus 23.600 moradores privilegiados.

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Cidades digitais se multiplicam pelo país

Piraí, Sud Mennucci e Belo Horizonte são protagonistas de projetos de cidades digitais em operação no Brasil.

Os representantes das três cidades falaram dos projetos num painel do Conip, congresso de tecnologia para governo que acontece esta semana em São Paulo. O painel abordou desde o processo de implementação de banda larga nas cidades até a inclusão digital.


A cidade de Piraí, no interior do Rio de Janeiro, deu início ao projeto de levar banda larga para todo o município em 1997. "Na época, a prefeitura da cidade tinha dois computadores", afirma Luis Fernando Pezão, vice-governador do Rio de Janeiro e ex-prefeito de Piraí.

O investimento total foi de 600 mil reais, segundo Pezão. A iniciativa começou com os órgãos públicos, mas a plataforma adotada também supria as necessidades da população. "Todas as escolas, postos de saúde e praças possuem conexão banda larga", diz o vice-governador.

Já a pequenina Sud Mennucci, no interior de São Paulo, possui Wi-Fi. No início, eram apenas 30 casas com acesso à internet discada. "Hoje, quatro anos depois do início, já são 700 pontos de acesso. O custo total do projeto foi de 40 mil reis", afirma Celso Torquato Franco, prefeito de Sud Mennucci. O município possui dois links de 2,5 Mbps. A velocidade média da conexão dos usuários é de 64 Kbps, e o custo por acesso é de 5 reais por mês.

O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, afirma que até o final do ano 90% da capital mineira estará conectada por WiMax. O projeto inclui apenas órgãos públicos, por enquanto.

De acordo com Pimentel, o modelo de negócio do WiMax em BH inclui parcerias com o setor privado. Em especial, as operadoras.

Fonte: Bruno Ferrari - INFO




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